ESG: Marca mercadológica ou mudança de racionalidade econômica?

Compromisso com novas formas de racionalidade ambiental e os princípios da ESG

ESG, a sigla do momento. Seria a conexão entre as áreas ambientais, sociais e de governança das organizações públicas e privadas. Um símbolo de credibilidade no mercado. Uma marca de visibilidade ambiental mundial. Mas até que ponto ESG pode significar uma nova forma de pensar a questão ambiental contemporânea?

Na teoria, uma série de critérios estratégicos e enquadramentos categóricos visam avalizar o seu conceito. Inclusive, as empresas necessitam se adequar aos princípios e às diretrizes ESGs para conseguirem financiar as suas atuações. Ganhar o título de empresa ambientalmente sustentável se tornou relevante e altamente lucrativo para o mundo dos negócios. Adequar os seus padrões de desempenho aos objetivos de desenvolvimento sustentável virou uma meta gerencial para as grandes corporações. E isso é ótimo!

Porém, na prática, a simbiose entre as siglas não ocorre de forma uniforme e orgânica. Há uma fragmentação institucional entre as áreas, escalonada na medida da sua importância para o mercado. O Ambiental se sobrepõe à Governança (ou vice-versa). O Social vem logo atrás nessa escala de importância. Quer um bom indicador: avalie o valor de cada profissional que compõe essa sigla: possivelmente o trabalhador da área social terá a menor importância e o menor salário. Caso exista na empresa a unificação da sigla, qual a formação do trabalhador que a representa nos postos de gerência/coordenação? Dificilmente será alguém da área de humanas e sociais.

Vamos a um segundo exemplo: Um grande empreendimento se instala em um determinado território para se tornar o baluarte da transição energética no país (pensem nas grandes usinas hidrelétricas e nos imensos parques de geração de energia solar e eólica). Milhões são investidos para a produção da energia, de preferência verde e sustentável. As propagandas publicitárias enfatizam que, no âmbito das suas governanças internas, existe uma postura afirmativa para a resolução das questões de gênero e de raça (mesmo que ainda incipientes). Porém, por vezes, a instalação desses empreendimentos se blinda contra as realidades de vulnerabilidade socioeconômica vivenciadas nesses territórios. Ignoram a presença da desigualdade social encontrada nos seus entornos.

Enquanto Sociólogo, parto da perspectiva de que o ambiente é o potencial produtivo articulador do ser humano das esferas naturais e das esferas sociais. Não existe ambiental separado de social. O Social compõe o Ambiental. Para que se efetive o ESG nas organizações faz-se necessário encarar a problemática da realidade social posta nos territórios pela questão ambiental contemporaneamente. Produzir um ambiente sustentável em suas dimensões sociais necessita ganhar a devida relevância na geração dos negócios.

João Vitor Cruzoletto

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